O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu sinal verde nesta sexta-feira (2) para que o Congresso publique um relatório republicano que detalha supostos abusos na investigação federal sobre a trama russa, e não descartou que possa despedir por isso o número “dois” do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein.
Durante um ato na Casa Branca, Trump confirmou aos jornalistas que tinha autorizado a desclassificação do memorando e o enviou ao Congresso, e agora depende do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes publicá-lo.
“Desclassificamos, enviamos ao Congresso e eles farão o que têm que fazer”, disse Trump aos jornalistas ao começo de uma reunião com desertores norte-coreanos na Casa Branca.
“É terrível, é uma vergonha o que está acontecendo neste país. Muita gente deveria se sentir envergonhada de si mesma”, acrescentou.
O presidente americano não descartou demitir Rosenstein, que supostamente será acusado de negligência no relatório, e que tem poder sobre a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre os supostos laços entre a Rússia e a campanha de Trump nas eleições presidenciais de 2016.
“Deduzam os senhores o que vai acontecer”, se limitou a responder Trump quando os jornalistas perguntaram se a publicação do relatório republicano torna mais provável a demissão de Rosenstein e se ainda tem confiança nesse funcionário.
A oposição democrata advertiu que Trump pode usar a publicação do memorando para desacreditar e inclusive despedir Mueller, algo que não pode fazer agora sem a autorização de Rosenstein, por isso o presidente pode querer se desfazer primeiro desse funcionário e depois do procurador especial.
O Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes – cujo presidente, o republicano Devin Nunes, redigiu o relatório junto com a sua equipe – publicou pouco depois o documento.
Segundo a imprensa local, o relatório alega que o ex-espião britânico que escreveu um famoso dossiê cheio de detalhes sórdidos sobre Trump, Christopher Steele, deu informações falsas ao FBI.
Com base nessas informações, no primeiro semestre de 2017, o FBI decidiu expandir suas atividades de vigilância sobre Carter Page, que até setembro de 2016 assessorou a política externa da campanha eleitoral de Trump, por suspeitar que ele atuou como agente russo.
Rod Rosenstein, o “número dois” do Departamento de Justiça, que tinha autoridade sobre a investigação do FBI sobre a trama russa, solicitou então que um juiz efetuasse essa espionagem.
O memorando republicano acusa Rosenstein e o FBI, de acordo com relatórios de imprensa, de não ter informado corretamente o juiz que autorizou a vigilância sobre os motivos para pedi-la.