Celebrando a força e intensidade das mulheres neste Dia Internacional da Mulher, a artista Rejane Medeiros Alves está expondo na galeria Maggiorasca (Avenida Litorânea) 10 obras que produziu exclusivamente para a data. A artista cedeu uma entrevista ao MA 10 para comentar sobre a exposição, intitulada Latejantes, suas influências femininas na arte e as dificuldades de ser mulher na pintura.
Acompanhe:
- De onde surgiu a inspiração para a exposição?
Meu trabalho tem predominância na temática feminina, sempre gostei de explorar esse privilégio do ser mulher, um ser forte que chora e que tem um entrega total ao movimento da vida. Com isso, veio a ideia, não minha inicialmente, mas do dono da casa Maggiorasca, Mario Cella, meu amigo, de fazermos esta homenagem.
- O conceito de latejante, na sua opinião, tem relação com o poder feminino? Em caso positivo, como?
Tem toda relação, pois quando estava procurando um tema para a exposição, pensava em força, vida, pulsação, e “latejante” é uma perfeita definição para isto, já que, tudo que lateja, tem vida. E pensava em como queria uma definição ainda que tivesse uma relação com o ser feminino. Na busca de uma significação reversa Onomasiológica, chegamos a Vênus, um termo tão ligado a deusas e amor.
- Você afirmou que tem inspiração em Frida Khalo. Comente sobre isso.
Na verdade, admiro o trabalho de Frida, não só pela técnica ou estilo, mas pela dor sentida e pelo significado que suas obras trazem, na importância do seu trabalho, na luta das mulheres em ser respeitadas, ouvidas e sentidas. Não sei se tenho características nas minhas obras que remetam a ela, pois gosto de vários outros artistas e, a partir dos vários olhares que tenho por cada um deles e das sensações que me trazem, tento criar meu próprio estilo.
- Como é ser uma mulher no mercado da pintura e arquitetura? Há alguma diferença de gênero na função?
Como em muitas áreas, é preciso ter aquele 50% a mais de dedicação e de força, pois principalmente como arquiteta, temos que nos manter firmes diante de problemas que área exige, já que o ambiente de execução de projetos é um ambiente eminentemente masculino, com isso, precisamos mostrar que conhecemos realmente a solução que estamos propondo. Encontrar um erro numa obra vinda de um projeto elaborado por um mulher, é muito mais “esperado” por uma sociedade que ainda tem muito machismo arraigado. Quanto à função de artista no mundo, faz pouco tempo que temos recebido o reconhecimento como criadoras, já que ao longo da história foram tantas mulheres que tiveram seus trabalhos ocultos e assinados por outros, as vezes, pelo pai ou marido ou se vestir de homem para conseguir viver da pintura como Rosa Bonheur.
- Você tem outras referências femininas que aplica nas obras? Quais?
Na verdade gosto de muitas artistas como as brasileiras Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Vanice Ayres Leite e a maranhense Dalva Duarte.