Educação aposta no metaverso para engajar alunos

Tecnologia de realidade virtual possibilita várias oportunidades na área de educação imersiva

Por Redação
Publicado em 21 de novembro de 2022 às 12:15
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Dos computadores, para o celular, agora os óculos, que podem te levar para outro espaço que jamais pensou em estar. E tudo isso, sem sair de casa. Com o avanço da tecnologia da realidade virtual, os humanos cada vez mais têm a oportunidade de adentrar e viver as experiências de outros locais sem sair do lugar. Em São Paulo, uma universidade criou uma sala de aula que permite aos alunos a vivência no multiverso. Neste espaço virtual, os alunos e professores podem interagir entre si, como numa sala de aula real. 

Assim, acontecendo uma evolução disruptiva da realidade virtual, que no futuro pode proporcionar a experiência de replicar a realidade. Há muito tempo existe interesse de uma tecnologia que tenha a simulação de ambientes reais por meio de um computador – permitindo a interação mais avançada entre interface do usuário e computador.

Dos anos 1950, quando a Força Aérea dos Estados Unidos constrói simuladores de voo para testes de pilotos, passando pelo Oculus Rift, lançado em março de 2016, que permite quase uma rápida mudança de ambientes, até a chegada do metaverso. 

A Meta, dona do Facebook e Instagram, é a primeira a fazer a aposta nesta nova tecnologia e espera que os estudantes sigam para um próximo passo no contexto de aprendizagem.

Agora, com uma internet mais rápida, é possível fazer como que a realidade virtual e o metaverso possam ser exploradas de outras maneiras, inclusive na educação. 

No Brasil, essa realidade também vem acontecendo pela FIA Business School, em São Paulo, que faz esta aposta nas aulas imersivas, que podem proporcionar a melhor experiência de aprendizado para desenvolver inovação nos negócios e na carreira. A proposta de ensino é inédita no país e já recebe alunos interessados para a iniciativa.

Diretora do Labdata, professora Alessandra Montini, fala ao SBT News sobre as possibilidades de uso do metaverso na educação | Divulgação/Labdata FIA

Para a diretora do Labdata, o Laboratório de Análise de Dados da FIA Business School, Alessandra Montini, a iniciativa aconteceu em 2021, quando estava na USP ministrando aulas no período da pandemia, quando as aulas eram apenas online e percebia que os alunos da graduação não eram participativos na aula virtual.

“Eu achei que seria um plano alternativo, uma solução bem legal para que os alunos pudessem entrar na aula de uma forma descontraída. E aí é como se ele [o aluno] tivesse dentro de um filme, né? Vamos ter aula como se fosse um filme”, explica a professora do Labdata da FIA.

Foi então que Montini começou a estudar o metaverso com profundidade e encontrou alternativas para prender a atenção dos seus alunos durante as aulas.

“Aí comecei a estudar e construir os ambientes. Então, já construí sala de metaverso em vários ambientes e os alunos estão gostando bastante”, comemora Alessandra.

Para professora, experiência tem sido bem-sucedida, gerando engajamento dos alunos | Divulgação/Labdata FIA

Para Alessandra, os resultados tem sido bastante satisfatórios em experiências com os alunos. A professora explica que com esta novidade é possível ir além da educação, permitindo mais possibilidade de interação e engajamento com usuários que não tem interesse em consumir ou experimentar novos produtos sem sair de casa.

“A ideia foi tentar motivar os alunos. Aí, na sequência, percebi que além da parte da educação nós podemos usar para é lançar produtos e vender produtos. Tem muitas pessoas que têm vergonha de entrar numa loja — numa loja da Prada, Louis Vuitton — e tem dinheiro. Mas, no metaverso, ela pode entrar na loja, conhecer os produtos e pode até dar uma ordem de compra. Então, primeira motivação foi encantar a alunos e a segunda motivação aproximar o cliente do produto, aproximar uma pessoa do produto”.

Mas, para quem também não é aluno, é possível experimentar o ambiente virtual clicando aqui.

Já Alfredo Freitas, diretor de educação e tecnologia da Ambra University, da Florida, iniciativas do metaverso na educação podem criar um novo momento de ensino e aprendizagem com os estudantes e professores. 

O estudante será mais ativo e empoderado a participar das atividades de aprendizado a partir de novas experiências, vivenciar fatos que antes eram somente relatados nas salas de aula, como o especialista relata. 

Proposta de ambiente virtual traz ao aluno uma experiência de aprendizado nova | Divulgação/Labdata FIA

O aluno pode ver o que aconteceu no Dia 7 de Setembro, acompanhar fatos da história, visitar um museu ou um laboratório por meio da tecnologia virtual, de forma imersiva, e até mesmo interativa. É como se o estudante fosse levado para a principal cena da história e pudesse interagir com os personagens, esperando assim, a maior assimilação das informações e do conhecimento.

“Nós não vamos ter simplesmente um livro texto impresso. Mas, esse livro o aluno vai poder se conectar com dispositivos tecnológicos, via realidade aumentada, e ele vai ampliar significativamente o nível de aprendizado”, explica. 

Outro ponto que Freitas reforça é que além da imersão, os alunos podem viver uma nova forma de interação, como fazer contatos com outros colegas em outras cidades ou pelo mundo.

Na Inglaterra, o Class VR usa realidade virtual para melhorar o aprendizado e o engajamento dos alunos | Divulgação/Class VR

O professor ainda reforça que mundo afora as empresas de tecnologia, em conjunto com ações de políticas públicas, buscam as escolas para juntas desenvolverem soluções de realidade virtual e realidade aumentada para melhorar o rendimento dos alunos, já sendo pensado para o metaverso. 

“Uma empresa que chama Class VR que tem boas iniciativas na Inglaterra já com estudantes do ensino infantil traz elementos e aplicações de metaverso para esses estudantes de educação fundamental e também com boas experiências. Neste caso, são experiências que têm financiamento é do governo local para inovação e melhoria do aprendizado. E já se percebeu que aqueles estudantes que participaram dessas soluções, eles tiveram sim um ganho em aprendizado versus o padrão daquela instituição tinha, antes de usar as tecnologias de metaverso. Então, não só você traz a escola para um mundo mais digital, mas esse mundo digital, quando ele bem usado e bem conectado com os professores, ele gera uma grande melhoria educacional”, explica.

6 maneiras que o metaverso pode impactar o aprendizado

Iniciativa de sala de aula imersiva no metaverso já acontece no Brasil em iniciativa capitaneada pela FIA, em São Paulo | Divulgação/Labdata FIA

Segundo um relatório do Banco Mundial, Education Meets the Metaverse, existem formas de se aplicar o multiverso na educação, assim como implantar a tecnologia para desenvolver e aprimorar o aprendizado e capacitação de pessoas. 

Para a instituição, seis medidas podem ser tomadas para viabilizar o metaverso na educação. São elas:

1. Conectar e aprender em um campus virtual imersivo

Gradualmente, o ambiente de educação vem sendo levado das salas de aula físicas para o ambiente online e conectado. A pandemia da covid-19 acelerou esse processo. O metaverso pode facilitar uma vida imersiva em um ambiente de aprendizado. Como um campus da vida real, os alunos podem usar fones de ouvido e equipamento de realidade virtual para entrar em vários grupos de aprendizagem, assim como visitar bibliotecas, salas de discussão, falar com professores e interagir com colegas.

2. Melhorar a qualificação do mundo real em ambientes virtuais e híbridos

O aluno pode ser treinado para aprimorar suas habilidades do mundo real num ambiente virtual. Com isso, ele pode ter uma aprendizagem com base na experiência, aprendendo a fazer atividades no mundo virtual que podem ser aplicadas no mundo real.

3. Explorar mundos diferentes através da visualização e da narrativa

Por meio da tecnologia de realidade virtual, os alunos podem explorar mundos, e histórias no lugar de outra pessoa. Como, por exemplo, viver um personagem da história para entender o contexto que vivia na época, ou explorar cenários futuros.

Educação no metaverso promete qualificar e formar melhores profissionais | Divulgação/Labdata FIA

4. Construir capacidades humanas em situações interpessoais ou difíceis

O metaverso pode ajudar a treinar pessoas para aprimorar habilidades sociais, como comunicação, liderança, escuta e empatia. Num ambiente simulado, o aluno pode praticar suas habilidades como ter conversas sensíveis ou difíceis com funcionários ou clientes e até mesmo fazer treinamentos de segurança para funcionários que trabalhem em áreas inseguras ou insalubres.

5. Melhorar a acessibilidade das pessoas com deficiência

As pessoas com deficiência podem ter melhor acesso à educação. Em um ambiente de imersão, os jovens adultos com necessidades especiais, como autismo e problemas de interação social, podem melhorar a capacidade de aprimorar suas habilidades interpessoais e profissionais, entrando em uma simulação de ambiente com pessoas, como um comércio ou uma praça. O metaverso na educação pode também ajudar eles a praticar habilidades e interagir com outras pessoas em um ambiente seguro.

6. Aumentar a captura de dados sobre o desempenho da aprendizagem

O relatório mostra que os dados podem ser importantes para levantar informações sobre o comportamento do aluno, levantando seu desempenho, identificar lacunas, além de aprimorar a experiência de aprendizado. Os professores podem coletar estes dados para verificar como o aluno age dentro deste ambiente diante de atividades de ensino aplicadas.

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